A arte de se multiplicar
Muito tempo sem escrever para o meu blog, motivo? Diversos!
Antes eu era coordenador da academia Via Aventura,
treinador de escalada, marido, route setter, escalador, corredor de montanha e
agora uma missão ainda maior: pai!
Com a chegada de Luana há 6 meses atrás nossas vidas se
transformaram e ainda estamos nos adaptando com a nova realidade! Novos
horários, rotinas etc. Mas passado esse
turbilhão inicial enfim agora consegui voltar a viajar, foi duríssimo deixar
minha casa com minhas garotas, mas o trabalho é importante e a missão era
nobre.
Fui para Los Angeles, nos EUA acompanhar os atletas Mariana Hanggi e Alexandre Tanhoffer para realizarmos treinos
em terreno diferente ao qual estamos habituados buscando uma evolução ainda
maior no desempenho de ambos. Passamos uma semana escalando nos principais
ginásios de Los Angeles e região, passamos pelos: LA Boulders, Sender One, Rockreaction e Cliffs
of Id.
Porque ? Ao longo da minha carreira como atleta de escalada
sempre percebi que experiências diversas de escalada aumentam muito as
capacidades físicas e mentais de um atleta e quanto maior o vocabulário de movimentos que escalador adquirir melhor e mais completo ele será. Nas principais competições mundo a fora as
agarras são sempre diferentes das do Brasil, uma dificuldade a mais. Os
ginásios aqui no Brasil não conseguem ter a variedade e nem a quantidade de
agarras vistas lá fora.
Por exemplo, ao montar vias no ginásio onde trabalho, que
é um dos maiores ginásios da America do
Sul muitas vezes tenho que economizar nas
agarras grandes, pois a quantidade sempre é limitada, elas são extremamente caras por aqui e isso acaba
por empobrecer e limitar nossa
criatividade.
Pois bem, lá isso não existe, além de você quase não ver agarras
repetidas na parede os ginásios também tem excelentes áreas de treinamentos, mais de 10
fingerboards , campus de tudo quanto é jeito, além das paredes serem super bem
texturizadas. Escalar em outros
ambientes oferece também uma grande
oportunidade de escalar à vista e com
muitos estilos diferentes de vias, pois em média cada ginásio tem entre 5 a 10
route setters. (pessoa que monta as vias).
Essa foi uma grande oportunidade para a Mariana Hanggi, que
aos 9 anos já vem se destacando em competições nacionais e internacionais.
Guardem esse nome pois ainda vão ouvir falar muito nela, bi campeã brasileira infantil e campeã paranaense infantil conseguiu também um super
feito conquistando o sexto lugar no
Petzen Trophy na Áustria em 2015, com mais de 30 paises e mais de 300 crianças distribuídas
em diversas categorias. É um pequeno diamante sendo lapidado, muito
disciplinada e muito focada ama a escalada de uma forma rara e bonita, fazendo
com que ela consiga treinar, evoluir e se divertir ao mesmo tempo. A Mariana
aproveitou cada momento nos EUA e deixava boquiabertos muitos atletas nos
ginásios, várias pessoas vieram falar
comigo depois de vê-la escalando. Seus feitos nessa viagem foram a cadena de um
7 A à vista , dois V5 e um V6 nos ginásios por onde passamos.
O outro atleta que esteve comigo foi o Alexandre Tanhoffer
de 16 anos. Ele sempre foi uma grande
aposta, começamos como um desafio e ele vem evoluindo e se mostrando uma realidade. Tenho certeza que ainda tem muito a crescer no esporte, a cada
dia conhece mais a escalada e adquire mais experiência, já
viajou comigo duas vezes
para a Itália, foi também a Tailândia e agora EUA. É um garoto disciplinado e tranqüilo, nessa
viagem seu grande feito foi encadenar um 8º grau e um V7 à vista. Assim como eu
e um apaixonado pelas montanhas, sendo assim estou incentivando ele a participar de corridas de montanhas também.
Esses dois jovens escaladores estão tendo uma grande
oportunidade e souberam aproveitar muito bem!
Mal começaram a escalar e já
conhecem as duas maiores escolas de competição no mundo: Estados Unidos e Europa.
A preparação de um futuro campeão tem que começar muito cedo
para se ter êxito no esporte, conversando com grandes nomes da elite da
escalada mundial se percebe que a faixa etária de quando começaram é bem baixa
e a evolução veio naturalmente ao longo dos anos sem forçar a barra até o ponto
em que se inicia nos treinos.
O próprio esporte já faz sua seleção natural seja ele qual e
for e na escalada não é diferente, há os
que querem ser atletas e os que nasceram pra isso, por diversas razões. Hoje me
dedico a trabalhar somente com atletas do juvenil para tentar mudar e criar um cenário novo no
Brasil para aumentar ainda mais o êxito dos nossos atletas nas competições
internacionais e nacionais, foco sempre no futuro! Sonho em um dia poder ver um
atleta brasileiro campeão mundial de escalada.
Nessa viagem sem
duvidas os dois tiveram uma grande experiência viajando sozinhos e tendo que se
virar sem os pais. Para mim também foi uma experiência, por mais que eu já
tenha viajado outras vezes com adolescentes em outras ocasiões sempre é um desafio, mas essa tarefa me foi dada e cumprida, pois um adolescente
e uma criança são extremamente diferentes, para comer, dormir, ouvir musica
etc... no fim acaba até sendo engraçado!
Perdi as contas de quantas vezes Mariana derrubou coisas em mim, como água suco
etc...
Voltamos com uma grande bagagem de conhecimento e preparados
pelo que vem pela frente...
Nessa viagem ainda
consegui participar da meia maratona (21Km) de corrida de montanha “Stemped
Single Track” conseguindo um sexto lugar geral e terceiro na categoria. A prova
foi na região das montanhas de Santa Mônica.
Tenho gostado cada vez mais de participar de corridas de
montanha e os anos pelas montanhas tem
me ajudado e muito nesse novo desafio que escolhi. É mais uma forma de me
manter junto a natureza e nas montanhas que tanto amo.
No fim, de volta a
casa, saudade resolvida, muitos beijos na Luana e na Ana e pronto para o próximo desafio: serei o Route Setter chefe do Brasileiro de
Boulder 2016 e pode apostar que o time de Route Setters vão dar um show! O
evento vai ser um Curitiba na metade de abril.
Abraços e até a próxima